A Doutrina do Deserto
Eles respeitavam a vida acima de tudo, escreveram os mais antigos textos
bíblicos e influenciaram o cristianismo. Com vocês, os essênios.
bíblicos e influenciaram o cristianismo. Com vocês, os essênios.
Por Rafael Kenski e Duda Teixeira
Em 1923, o húngaro Edmond Szekely obteve permissão para pesquisar os arquivos secretos do Vaticano. Estava à procura de livros que teriam influenciado São Francisco de Assis. Curioso e encantado, vagou pelos mais de 40 quilômetros de estantes com pergaminhos e papiros milenares. Viu evangelhos nunca publicados e manuscritos originais de muitos santos e apóstolos, condenados a permanecer escondidos para sempre. De todas essas raridades, uma obra em especial lhe chamou a atenção. Era o Evangelho Essênio da Paz. O livro teria sido escrito pelo apóstolo João e narrava passagens desconhecidas da vida de Jesus Cristo, apresentado ali como o principal líder de uma seita judaica até então pouco comentada - os essênios. Szekely não perdeu tempo. Traduziu o texto e o publicou em quatro volumes. Sentindo-se traída pelo pesquisador, a Igreja o excomungou.
Não foi uma punição tão grave. Considere o que aconteceu com o reverendo inglês Gideon Ouseley. Em 1880, ele achou um manuscrito chamado O Evangelho dos Doze Santos em um monastério budista na índia. O texto em aramaico - a língua que Jesus falava - teria sido levado para o Oriente por essênios refugiados.
Não foi uma punição tão grave. Considere o que aconteceu com o reverendo inglês Gideon Ouseley. Em 1880, ele achou um manuscrito chamado O Evangelho dos Doze Santos em um monastério budista na índia. O texto em aramaico - a língua que Jesus falava - teria sido levado para o Oriente por essênios refugiados.
Manuscrito achado no
Vaticano afirma que Jesus
era essênio e vegetariano
Vaticano afirma que Jesus
era essênio e vegetariano
Ouseley ficou eufórico e saiu espalhando que tinha descoberto o verdadeiro Novo Testamento. Afirmava que a Bíblia estava incorreta, pois Cristo era um essênio que defendia a reencarnação e o vegetarianismo. Se hoje essa tese soa estranha, dizer isso na Inglaterra vitoriana do século XIX era blasfêmia da pior espécie. Resultado: os conservadores atearam fogo na casa de Ouseley e o original foi destruído.
O mistério que envolve esses dois textos e o tom místico que os descobridores deram aos seus achados acabaram manchando seu crédito diante dos historiadores. Além do mais, teorias exóticas sobre Jesus é o que não falta. Em 1970, o pesquisador inglês John Allegro, que já havia estudado os essênios, tentou provar que Jesus nunca havia existido e que teria sido uma alucinação coletiva causada pela ingestão de cogumelos. Por motivos óbvios, essa teoria não foi muito bem aceita pelos seus colegas cientistas. Segundo eles, Allegro entendia mais de cogumelos do que de Cristo.
Para os historiadores, os essênios seriam até hoje uma note de rodapé na História se, em 1947, dois pastores beduínos não tivessem por acidente levado a uma das maiores descobertas arqueológicas do século. Escondidos em cavernas próximas ao Mar Morto, em Israel, 813 manuscritos redigidos pelos essênios entre 225 a.C.
O mistério que envolve esses dois textos e o tom místico que os descobridores deram aos seus achados acabaram manchando seu crédito diante dos historiadores. Além do mais, teorias exóticas sobre Jesus é o que não falta. Em 1970, o pesquisador inglês John Allegro, que já havia estudado os essênios, tentou provar que Jesus nunca havia existido e que teria sido uma alucinação coletiva causada pela ingestão de cogumelos. Por motivos óbvios, essa teoria não foi muito bem aceita pelos seus colegas cientistas. Segundo eles, Allegro entendia mais de cogumelos do que de Cristo.
Para os historiadores, os essênios seriam até hoje uma note de rodapé na História se, em 1947, dois pastores beduínos não tivessem por acidente levado a uma das maiores descobertas arqueológicas do século. Escondidos em cavernas próximas ao Mar Morto, em Israel, 813 manuscritos redigidos pelos essênios entre 225 a.C.
Fragmento de um dos 813 manuscritos
redigidos pelos essênios entre 225 a.C. e 68 d.C.
E o ano 68 da nossa era guardavam as mais antigas cópias do Antigo Testamento, calendários e textos da Bíblia. Perto das cavernas, em Qumran, estavam as ruínas de um monastério essênio e um cemitério com cerca de 1200 esqueletos, quase todos masculinos.
O achado deu início a um longo e árduo esforço de tradução dos manuscritos por teólogos e cientistas de várias universidades no mundo. Milhares deles estavam em pedaços minúsculos, menores do que uma unha. "Hoje, 90% dos textos já foram transcritos", diz o teólogo Geza Vermes, da Universidade de Oxford, que pesquisa os manuscritos. O que já é suficiente para moldar uma imagem mais precisa da história, da doutrina, da crença e dos hábitos essênios, que ficaram séculos a fio esquecidos nas ruínas daquele monastério.
O surgimento da doutrina essênia aconteceu em tempos conturbados. Os judeus viveram sob dominação de diversos povos estrangeiros desde 587 a.C., quando Jerusalém foi devastada pelos babilônios, habitantes da atual região do Iraque. Por volta do século II a.C., o domínio era exercido pelos selêucidas, um povo grego que habitava a Síria. A cultura helenista proliferava e a tradição hebraica sofria fortes ameaças. Para recuperar o judaísmo, os israelitas acreditavam na vinda do Messias que chegaria ao final dos tempos para exterminar os infiéis e salvar os seguidores da Bíblia. A chegada do Salvador poderia se dar a qualquer instante.
Os mais ortodoxos seguiam tão à risca os preceitos religiosos e buscavam a ascese e a pureza com tal fervor que ficavam chocados com os hábitos mundanos dos gregos e a presença de leprosos, cegos, surdos e cachorros passeando pela cidade e pelos templos. Entre eles estavam os essênios. Um dia boa parte deles, liderados por um sacerdote, partiu para o Deserto da Judéia (atual Israel) para orar, meditar e estudar as leis sagradas. Longe, bem longe, de tudo o que eles consideravam impuro. Surgia assim o monastério de Qumran, uma das primeiras comunidades monásticas do Ocidente.
A região escolhida para a construção do monastério é a de menor altitude no planeta -400 metros abaixo do nível do mar. As chuvas são raras e o mar é tão salgado que é impossível mergulhar nele, pois a enorme densidade da água mantém o banhista na superfície. Para prosperar, os bens individuais e as tarefas foram divididos entre toda a comunidade e regras de disciplina e de hierarquia foram instituídas. A presença de mulheres em Qumran, por exemplo, era proibida. Transgressões eram duramente punidas. A interpretação das leis e profecias cabia amestre da justiça, o mesmo sacerdote que teria guiado os essênios até Qumran. Ele era respeitado e cultuado por todos e logo virou uma entidade mítica. O guardião, por sua vez, presidia as refeições e decidia as questões a respeito da doutrina, justiça e pureza. Essa figura inspirou a formação da palavra grega "epis copus" (aquele que olha de cima), que foi a origem de "bispo".
O achado deu início a um longo e árduo esforço de tradução dos manuscritos por teólogos e cientistas de várias universidades no mundo. Milhares deles estavam em pedaços minúsculos, menores do que uma unha. "Hoje, 90% dos textos já foram transcritos", diz o teólogo Geza Vermes, da Universidade de Oxford, que pesquisa os manuscritos. O que já é suficiente para moldar uma imagem mais precisa da história, da doutrina, da crença e dos hábitos essênios, que ficaram séculos a fio esquecidos nas ruínas daquele monastério.
O surgimento da doutrina essênia aconteceu em tempos conturbados. Os judeus viveram sob dominação de diversos povos estrangeiros desde 587 a.C., quando Jerusalém foi devastada pelos babilônios, habitantes da atual região do Iraque. Por volta do século II a.C., o domínio era exercido pelos selêucidas, um povo grego que habitava a Síria. A cultura helenista proliferava e a tradição hebraica sofria fortes ameaças. Para recuperar o judaísmo, os israelitas acreditavam na vinda do Messias que chegaria ao final dos tempos para exterminar os infiéis e salvar os seguidores da Bíblia. A chegada do Salvador poderia se dar a qualquer instante.
Os mais ortodoxos seguiam tão à risca os preceitos religiosos e buscavam a ascese e a pureza com tal fervor que ficavam chocados com os hábitos mundanos dos gregos e a presença de leprosos, cegos, surdos e cachorros passeando pela cidade e pelos templos. Entre eles estavam os essênios. Um dia boa parte deles, liderados por um sacerdote, partiu para o Deserto da Judéia (atual Israel) para orar, meditar e estudar as leis sagradas. Longe, bem longe, de tudo o que eles consideravam impuro. Surgia assim o monastério de Qumran, uma das primeiras comunidades monásticas do Ocidente.
A região escolhida para a construção do monastério é a de menor altitude no planeta -400 metros abaixo do nível do mar. As chuvas são raras e o mar é tão salgado que é impossível mergulhar nele, pois a enorme densidade da água mantém o banhista na superfície. Para prosperar, os bens individuais e as tarefas foram divididos entre toda a comunidade e regras de disciplina e de hierarquia foram instituídas. A presença de mulheres em Qumran, por exemplo, era proibida. Transgressões eram duramente punidas. A interpretação das leis e profecias cabia amestre da justiça, o mesmo sacerdote que teria guiado os essênios até Qumran. Ele era respeitado e cultuado por todos e logo virou uma entidade mítica. O guardião, por sua vez, presidia as refeições e decidia as questões a respeito da doutrina, justiça e pureza. Essa figura inspirou a formação da palavra grega "epis copus" (aquele que olha de cima), que foi a origem de "bispo".
Os monges do deserto
tinham obsessão pela
pureza e pela disciplina
tinham obsessão pela
pureza e pela disciplina
É possível conhecer o dia-a-dia dos essênios a partir do legado do historiador judeu Flávio Josefo (37-100). Aos 16 anos Josefo recebeu lições de um mestre essênio, com quem viveu durante três anos. Os membros da seita acordavam antes do nascer do sol. Permaneciam em silencio e faziam suas preces até o momento em que um mestre dividia as tarefas entre eles de acordo com a aptidão de cada um. Trabalhavam durante 5 horas em atividades como o cultivo de vegetais ou o estudo das Escrituras. Terminadas as tarefas, banhavam-se em água fria e vestiam túnicas brancas. Comiam uma refeição em absoluto silêncio, só quebrado pelas orações recitadas pelo sacerdote no início e no fim. Retiravam então a túnica branca, considerada sagrada, e retornavam ao trabalho até o pôr-do-sol. Tomavam outro banho e jantavam com a mesma cerimônia.
Os essênios tinham com o solo uma relação de devoção. Josefo conta que um dos rituais comuns deles consistia em cavar um buraco de cerca de 30 centímetros de profundidade em um lugar isolado dentro do qual se enterravam para relaxar e meditar.
Diferentemente dos demais judeus, a comunidade usava um calendário solar de 364 dias, inspirado no egípcio. O primeiro dia do ano e de cada mês caía sempre um uma quarta-feira, porque de acordo com o Gênesis, o Sol e a Lua foram criados no quarto dia. O calendário diferente trouxe vários problemas para os essênios. Outros judeus poderiam atacar o monastério no shabbath – o dia sagrado reservado ao descanso, no qual era proibido qualquer esforço, inclusive o de se defender.
A correta observação das regras garantiria a salvação dos essênios quando chegasse o apocalipse, que seria a vitória dos puros “filhos da luz” contra os “filhos das trevas”. No mundo essênio, aliás, tudo era dividido segundo uma visão maniqueísta que tornava possível até mesmo determinar quantas porções de luz e de escuridão cada um possuía. Um sectário de dedos rechonchudos, coxas grossas e cheias de pêlos teria oito porções na casa das trevas para uma de claridade. No mesmo manuscrito, um outro membro obteve um placar mais favorável. Por ter olhos negros e brilhantes, voz suave, dentes alinhados, dedos longos e canelas lisas seu espírito foi condecorado com oito partes de luz para uma de trevas. Para os essênios, a beleza do corpo também era sinal de pureza espiritual.
Graças a essa organização toda, Qumran produzia tudo de que precisava. A dieta era vegetariana. Os essênios tinham um enorme respeito pela natureza. Nenhum homem poderia sujar-se comendo qualquer criatura viva. A regra permitia uma única exceção. Eles podiam comer peixe, desde que fosse aberto vivo e tivesse seu sangue retirado. As refeições eram frugais, com legumes, azeitonas, figos, tâmaras e, principalmente, um tipo muito rústico de pão, que quase não levava fermento. Eles possuíam pomares e hortos irrigados pela água da chuva, que era recolhida em enormes cisternas e servia como bebida. Além dela, as bebidas essênias se resumiam ao suco de frutas' e "vinho novo", um extrato de uva levemente fermentado. No shabbath, os sectários deveriam passar o dia inteiro em jejum. Os hábitos alimentares frugais e a vida metódica dos essênios garantiam-lhes uma vida saudável. Segundo Josefo, muitos deles teriam atingido idade extraordinariamente avançada.
Os essênios tinham com o solo uma relação de devoção. Josefo conta que um dos rituais comuns deles consistia em cavar um buraco de cerca de 30 centímetros de profundidade em um lugar isolado dentro do qual se enterravam para relaxar e meditar.
Diferentemente dos demais judeus, a comunidade usava um calendário solar de 364 dias, inspirado no egípcio. O primeiro dia do ano e de cada mês caía sempre um uma quarta-feira, porque de acordo com o Gênesis, o Sol e a Lua foram criados no quarto dia. O calendário diferente trouxe vários problemas para os essênios. Outros judeus poderiam atacar o monastério no shabbath – o dia sagrado reservado ao descanso, no qual era proibido qualquer esforço, inclusive o de se defender.
A correta observação das regras garantiria a salvação dos essênios quando chegasse o apocalipse, que seria a vitória dos puros “filhos da luz” contra os “filhos das trevas”. No mundo essênio, aliás, tudo era dividido segundo uma visão maniqueísta que tornava possível até mesmo determinar quantas porções de luz e de escuridão cada um possuía. Um sectário de dedos rechonchudos, coxas grossas e cheias de pêlos teria oito porções na casa das trevas para uma de claridade. No mesmo manuscrito, um outro membro obteve um placar mais favorável. Por ter olhos negros e brilhantes, voz suave, dentes alinhados, dedos longos e canelas lisas seu espírito foi condecorado com oito partes de luz para uma de trevas. Para os essênios, a beleza do corpo também era sinal de pureza espiritual.
Graças a essa organização toda, Qumran produzia tudo de que precisava. A dieta era vegetariana. Os essênios tinham um enorme respeito pela natureza. Nenhum homem poderia sujar-se comendo qualquer criatura viva. A regra permitia uma única exceção. Eles podiam comer peixe, desde que fosse aberto vivo e tivesse seu sangue retirado. As refeições eram frugais, com legumes, azeitonas, figos, tâmaras e, principalmente, um tipo muito rústico de pão, que quase não levava fermento. Eles possuíam pomares e hortos irrigados pela água da chuva, que era recolhida em enormes cisternas e servia como bebida. Além dela, as bebidas essênias se resumiam ao suco de frutas' e "vinho novo", um extrato de uva levemente fermentado. No shabbath, os sectários deveriam passar o dia inteiro em jejum. Os hábitos alimentares frugais e a vida metódica dos essênios garantiam-lhes uma vida saudável. Segundo Josefo, muitos deles teriam atingido idade extraordinariamente avançada.
As cavernas de Qumran, em Israel, onde beduínos encontraram,
em 1947, os mais antigos textos bíblicos de que se tem notícia
em 1947, os mais antigos textos bíblicos de que se tem notícia
A água também era canalizada para os banhos rituais, que eles tomavam duas vezes ao dia para se redimir dos pecados e das impurezas do corpo. O ritual consistia em relatar todas as faltas e então submergir. "Essa prática influenciou o batismo e a confissão dos católicos", diz a historiadora Ruth Lespel, da Universidade de São Paulo. Outro ponto em comum entre os essênios e o catolicismo seria a figura de São João Batista, o profeta que batizou Jesus Cristo. O santo promovia batismos no Rio Jordão numa região próxima a Qumran.
Sua postura messiânica era muito próxima à dos essênios. Há quem acredite que, quando foi batizado, Jesus teria visitado o monastério e sido influenciado por sua doutrina.
Há outras relações entre essênios e cristãos. "Existem passagens dos Manuscritos do Mar Morto, aqueles encontrados em 1947 nas cavernas de Qumran, que soam como as do evangelho cristão", afirma James Vanderkam, da Universidade de Notre Dame, Estados Unidos. Traços da doutrina dos primeiros seguidores de Jesus - como o elogio de uma vida humilde, a proibição do divórcio e a invocação a Deus como um pai - têm ressonância na fé de Qumran. "É possível que essênios e cristãos tenham entrado em contato", diz o cônego Celso Pedro da Silva, do Mosteiro da Luz, em São Paulo.
Quanto a Jesus Cristo, apesar das descobertas e polêmicas levantadas por Ouseley e Szekely, não há nos manuscritos encontrados nas cavernas do Mar Morto uma única menção a ele. É por isso que o maioria dos pesquisadores duvida da teoria de que Jesus tenha se aproximado dos essênios. "Não existe nenhuma evidência concreta disso", diz o historiador Nachman Falbel, da USP Para o exegeta Valmor da Silva, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Jesus pode ter recebido influência das mais diversas correntes do judaísmo, inclusive deles. "Mas não dá para garantir que ele tenha freqüentado uma de suas comunidades".
Sua postura messiânica era muito próxima à dos essênios. Há quem acredite que, quando foi batizado, Jesus teria visitado o monastério e sido influenciado por sua doutrina.
Há outras relações entre essênios e cristãos. "Existem passagens dos Manuscritos do Mar Morto, aqueles encontrados em 1947 nas cavernas de Qumran, que soam como as do evangelho cristão", afirma James Vanderkam, da Universidade de Notre Dame, Estados Unidos. Traços da doutrina dos primeiros seguidores de Jesus - como o elogio de uma vida humilde, a proibição do divórcio e a invocação a Deus como um pai - têm ressonância na fé de Qumran. "É possível que essênios e cristãos tenham entrado em contato", diz o cônego Celso Pedro da Silva, do Mosteiro da Luz, em São Paulo.
Quanto a Jesus Cristo, apesar das descobertas e polêmicas levantadas por Ouseley e Szekely, não há nos manuscritos encontrados nas cavernas do Mar Morto uma única menção a ele. É por isso que o maioria dos pesquisadores duvida da teoria de que Jesus tenha se aproximado dos essênios. "Não existe nenhuma evidência concreta disso", diz o historiador Nachman Falbel, da USP Para o exegeta Valmor da Silva, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Jesus pode ter recebido influência das mais diversas correntes do judaísmo, inclusive deles. "Mas não dá para garantir que ele tenha freqüentado uma de suas comunidades".
Afirmar que Jesus se alimentava apenas de vegetais é ainda mais complicado. "Eu duvido muito que Cristo tenha sido vegetariano, pois ele celebrou a páscoa judaica, que envolve alimentos como ovo, patas de cordeiro e frango", diz Vanderkam. Fernando Travi, líder da pequena igreja essênia do Brasil, tem um ponto de vista oposto ao de Vanderkam. "Cristo pregava o amor a todos os seres vivos e não matava animais para aliviar a sua fome", afirma. Assim como ele, os seguidores de Szekely e Ouseley duvidam da veracidade das passagens do Novo Testamento em que Jesus se alimenta de carne. Eles acreditam que essas histórias não passam de invenções criadas pelo apóstolo Paulo, já na segunda metade do século I. A doutrina do vegetarianismo não seria bem recebida pelos judeus, acostumados a fazer sacrifícios e a comer carne, e Paulo teria modificado os evangelhos para tornar o cristianismo mais popular. Um exemplo dessas alterações estaria na passagem do Novo Testamento em que Jesus multiplica pães e peixes para alimentar uma multidão. O Evangelho dos Doze Santos, encontrado por Ouseley traz uma outra versão desse milagre, na qual os peixes são substituídos por uvas.
No ano de 68 o monastério de Qumran foi aniquilado numa devastadora investida do exército romano que arrasou a Judéia e destruiu Jerusalém. O ataque era dirigido principalmente aos judeus zelotes, que se insurgiram contra o domínio romano. Qumran, que não era nenhuma fortaleza, foi presa fácil para as legiões do César. Mas nem todos os essênios morreram aí. Alguns fugiram para Massada onde, aí sim, no ano de 73, descobriram o que é um final trágico. O esconderijo, uma fortaleza zelote ao sul de Qumran, localizada no alto de uma colina, parecia impenetrável. Mas 15000 romanos fizeram um cerco que durou dois anos e metodicamente construíram uma rampa de terra e areia para alcançar o topo da fortaleza. Quando os soldados finalmente invadiram Massada tiveram uma surpresa: todos os 1000 rebeldes estavam mortos. Em um sorteio, os zelotes haviam escolhido um grupo de soldados para assassinar todos os habitantes da fortaleza e, em seguida, cometer suicídio. Eles preferiram morrer entre os judeus a se tomar escravos dos romanos. Sobraram para contar a história apenas duas mulheres e cinco crianças, que haviam se escondido nos reservatórios de água. O episódio foi relatado por Josefo e provou ser verdadeiro em 1965, quando arqueólogos pesquisaram a região. Eles acharam as marcas dos oito acampamentos romanos e peaços de cerâmica com inscrições dos nomes dos zelotes, utilizados no dramático sorteio.
No ano de 68 o monastério de Qumran foi aniquilado numa devastadora investida do exército romano que arrasou a Judéia e destruiu Jerusalém. O ataque era dirigido principalmente aos judeus zelotes, que se insurgiram contra o domínio romano. Qumran, que não era nenhuma fortaleza, foi presa fácil para as legiões do César. Mas nem todos os essênios morreram aí. Alguns fugiram para Massada onde, aí sim, no ano de 73, descobriram o que é um final trágico. O esconderijo, uma fortaleza zelote ao sul de Qumran, localizada no alto de uma colina, parecia impenetrável. Mas 15000 romanos fizeram um cerco que durou dois anos e metodicamente construíram uma rampa de terra e areia para alcançar o topo da fortaleza. Quando os soldados finalmente invadiram Massada tiveram uma surpresa: todos os 1000 rebeldes estavam mortos. Em um sorteio, os zelotes haviam escolhido um grupo de soldados para assassinar todos os habitantes da fortaleza e, em seguida, cometer suicídio. Eles preferiram morrer entre os judeus a se tomar escravos dos romanos. Sobraram para contar a história apenas duas mulheres e cinco crianças, que haviam se escondido nos reservatórios de água. O episódio foi relatado por Josefo e provou ser verdadeiro em 1965, quando arqueólogos pesquisaram a região. Eles acharam as marcas dos oito acampamentos romanos e peaços de cerâmica com inscrições dos nomes dos zelotes, utilizados no dramático sorteio.
Filosofia enterrada na areia
Um pouco antes de um ataque romano destruir o monastério
de Qumran, os essênios esconderam seus manuscritos em
potes de cerâmica e os enterraram em cavernas
Um pouco antes de um ataque romano destruir o monastério
de Qumran, os essênios esconderam seus manuscritos em
potes de cerâmica e os enterraram em cavernas
Segundo Josefo, os essênios existiam em grande número em diversas cidades da Judéia. Mas algumas variações da seita podem ter ocupado regiões ainda mais distantes. Uma comunidade egípcia do século 1, os terapeutas, possuía um modo de vida semelhante ao da seita de Qumran e a mesma divisão entre luz e trevas. Também é possível que ebionitas e nazarenos, duas das primeiras seitas cristãs, sejam descendentes dos essênios. Há quem acredite que os nazarenos formaram uma grande comunidade em Monte Carmel, no norte da Israel atual, que seguia os ensinamentos de Qumran, mas com algumas diferenças. As regras seriam muito próximas daquelas encontradas nos escritos de Szekely e Ouseley. Ao contrário de Qumran, eles não praticavam o celibato e até mesmo formavam famílias. Fanáticos pelo princípio de amar todos os seres vivos, eram muito mais rigorosos em relação ao vegetarianismo: não comiam peixes nem matavam os vegetais para comer (comiam folhas de alface, por exemplo, sem arrancar o pé!).
Para os essênios, as
refeições devem ser uma
Comunhão com Deus
refeições devem ser uma
Comunhão com Deus
“Eles viviam em tendas, que mudavam Del lugar freqüentemente, pois construções permanentes matariam a relva”, afirma Fernando Travi. Ele acredita que Jesus, apesar de ter passado por Qumran, viveu muito mais tempo em Monte Carmel. A região em que teria existido essa comunidade está próxima ao local em que Jesus nasceu e realizou muitos de seus milagres. Afirma também que Cristo não era conhecido como “Jesus de Nazaré”, mas sim como “Jesus, o Nazareno”.
Algumas dessas comunidades essênias existem, de certa forma, até hoje.
Flavio Josefo
Historiador judeu do século I, maior referência sobre os essênios até a descoberta dos Manuscritos do Mar Morto.
A Filosofia Essênia
Szekely pesquisou o pensamento dos essênios durante toda a vida. Uma de suas principais obras é a tradução de um manuscrito encontrado em 1785 pelo historiador francês Constantine Volney em viagens pelo Egito e pela Síria. É um diálogo entre Josefo e o mestre essênio Banus a respeito das leis da natureza. Eis alguns trechos:
Bem - Tudo aquilo que preserva ou produz coisas para o mundo, como "o cultivo dos campos, a fecundidade de uma mulher e a sabedoria de um professor".
Mal - O que causa a morte, como a matança de animais. Por esse motivo, o sacrifício de bichos, mesmo que para a alimentação, é condenável.
Justiça - O homem deve ser justo porque na lei da natureza as penalidades são proporcionais às infrações. Deve ser pacífico, tolerante e caridoso com todos, "para ensinar aos homens como se tornarem melhores e mais felizes".
Temperança - Sobriedade e moderação das paixões são virtudes, pois os vícios trazem muitos prejuízos à saúde.
Coragem - Ela é essencial para "rejeitar a opressão, defender a vida e a liberdade".
Higiene - Uma outra virtude essencial dos essênios é a limpeza, "para renovar o ar, refrescar o sangue e abrir a mente à alegria".
Perdão - No caso de as leis não serem cumpridas, a penitência é simples. Banus afirma que, para se obter perdão, deve-se "fazer um bem proporcional ao mal causado".
Na região sul do Iraque e do Irã, cerca de 38000 pessoas, os mandeans, mantêm uma tradição muito semelhante à doutrina essênia. Eles afirmam ser seguidores de João Batista e praticam o batismo. Sua origem, no entanto, ainda não é de todo compreendida.
No Ocidente, o essenismo surgiu com a divulgação dos escritos de Szekely e Ouseley. Na sua época, Szekely quase abandonou seus planos de difundir a doutrina quando a tradução rigorosa e detalhada que fez do segundo volume do Evangelho Essênio da Paz não contou com a aprovação de um amigo seu, o escritor Aldous Huxley, autor de Admirável Mundo Novo. "Isto está muito, muito ruim", disse-lhe Huxley, "é até pior do que o mais chato dos tratados enfadonhos dos escolásticos, que ninguém lê hoje em dia". Szekely ficou sem fala. Huxley continuou: "Faça-a literária, legível e atraente para os leitores do século XX. Tenho certeza de que os essênios não falavam uns com os outros em notas de pé de página". A critica abalou Szekely e ele pôs de lado o trabalho durante muito tempo. Mas, anos mais tarde, seguiu o conselho do amigo e reescreveu o manuscrito inteiro em linguagem contemporânea, mais coloquial. Foi um sucesso. O livro, publicado em 1928, já foi traduzido para dezenas de línguas e vendeu milhões de exemplares em todo o mundo. Com o respaldo editorial, Szekely construiu em 1940 um spa no México onde praticava tratamentos com base nas práticas essênias. Cerca de 350.000 pessoas já se hospedaram no chamado Rancho La Puerta nos seus sessenta anos de existência. Até hoje, muitas pessoas vão ao lugar em busca de um estilo de vida baseado nos ensinamentos de Szekely, que inclui exercícios, meditação e, principalmente, dieta vegetariana.
A alimentação possui um papel central na doutrina encontrada nos evangelhos de Szekely e Ouseley. Ao afirmarem que Jesus era frugívero, ou seja, que ingeria apenas alimentos que não significavam a morte de nenhum ser vivo, como folhas e frutos, eles pregam que as refeições devem ser um momento de compaixão e comunhão com Deus. O contato com a natureza é essencial. Tanto que os novos essênios (veja o quadro nesta página) possuem uma planta em todos os cômodos da casa.
Os essênios permanecem como um assunto vivo. Os pergaminhos e evangelhos que eles deixaram são exaustivamente estudados por cientistas e religiosos do mundo inteiro. Seus ensinamentos recrutam milhares de fiéis e, qualquer que seja a relação que mantiveram com Cristo, deixaram, sem dúvida, sua influência impressa no coração e na mente do cristianismo.
Bem - Tudo aquilo que preserva ou produz coisas para o mundo, como "o cultivo dos campos, a fecundidade de uma mulher e a sabedoria de um professor".
Mal - O que causa a morte, como a matança de animais. Por esse motivo, o sacrifício de bichos, mesmo que para a alimentação, é condenável.
Justiça - O homem deve ser justo porque na lei da natureza as penalidades são proporcionais às infrações. Deve ser pacífico, tolerante e caridoso com todos, "para ensinar aos homens como se tornarem melhores e mais felizes".
Temperança - Sobriedade e moderação das paixões são virtudes, pois os vícios trazem muitos prejuízos à saúde.
Coragem - Ela é essencial para "rejeitar a opressão, defender a vida e a liberdade".
Higiene - Uma outra virtude essencial dos essênios é a limpeza, "para renovar o ar, refrescar o sangue e abrir a mente à alegria".
Perdão - No caso de as leis não serem cumpridas, a penitência é simples. Banus afirma que, para se obter perdão, deve-se "fazer um bem proporcional ao mal causado".
Na região sul do Iraque e do Irã, cerca de 38000 pessoas, os mandeans, mantêm uma tradição muito semelhante à doutrina essênia. Eles afirmam ser seguidores de João Batista e praticam o batismo. Sua origem, no entanto, ainda não é de todo compreendida.
No Ocidente, o essenismo surgiu com a divulgação dos escritos de Szekely e Ouseley. Na sua época, Szekely quase abandonou seus planos de difundir a doutrina quando a tradução rigorosa e detalhada que fez do segundo volume do Evangelho Essênio da Paz não contou com a aprovação de um amigo seu, o escritor Aldous Huxley, autor de Admirável Mundo Novo. "Isto está muito, muito ruim", disse-lhe Huxley, "é até pior do que o mais chato dos tratados enfadonhos dos escolásticos, que ninguém lê hoje em dia". Szekely ficou sem fala. Huxley continuou: "Faça-a literária, legível e atraente para os leitores do século XX. Tenho certeza de que os essênios não falavam uns com os outros em notas de pé de página". A critica abalou Szekely e ele pôs de lado o trabalho durante muito tempo. Mas, anos mais tarde, seguiu o conselho do amigo e reescreveu o manuscrito inteiro em linguagem contemporânea, mais coloquial. Foi um sucesso. O livro, publicado em 1928, já foi traduzido para dezenas de línguas e vendeu milhões de exemplares em todo o mundo. Com o respaldo editorial, Szekely construiu em 1940 um spa no México onde praticava tratamentos com base nas práticas essênias. Cerca de 350.000 pessoas já se hospedaram no chamado Rancho La Puerta nos seus sessenta anos de existência. Até hoje, muitas pessoas vão ao lugar em busca de um estilo de vida baseado nos ensinamentos de Szekely, que inclui exercícios, meditação e, principalmente, dieta vegetariana.
A alimentação possui um papel central na doutrina encontrada nos evangelhos de Szekely e Ouseley. Ao afirmarem que Jesus era frugívero, ou seja, que ingeria apenas alimentos que não significavam a morte de nenhum ser vivo, como folhas e frutos, eles pregam que as refeições devem ser um momento de compaixão e comunhão com Deus. O contato com a natureza é essencial. Tanto que os novos essênios (veja o quadro nesta página) possuem uma planta em todos os cômodos da casa.
Os essênios permanecem como um assunto vivo. Os pergaminhos e evangelhos que eles deixaram são exaustivamente estudados por cientistas e religiosos do mundo inteiro. Seus ensinamentos recrutam milhares de fiéis e, qualquer que seja a relação que mantiveram com Cristo, deixaram, sem dúvida, sua influência impressa no coração e na mente do cristianismo.
Os Essênios Hoje
Em 1984, o teólogo e filósofo americano Abba Nazariah fundou a Igreja Essênia de Cristo na cidade de Creswell, no Estado do Oregon, Estados Unidos. Tudo começou em 1966, quando tinha apenas 8 anos de idade. Naquele ano, Abba, que então se chamava David Owen, teria recebido a visita de Jesus Cristo, que, em carne e osso, teria lhe passado a missão de preparar a sua segunda vinda à Terra. Mais tarde, com 17 anos, Owen teria encontrado um egípcio de nome Zadok pedindo carona numa estrada da Califórnia, sentado na posição de lótus-a mesma do Buda. Ele afirmava ser um essênio e acabou ajudando Owen a formar a nova igreja.
Abba Nazariah
Desde então, Abba (o nome significa "pai" em aramaico) tem professado sua teoria e recrutado muitos seguidores. Seus adeptos vivem hoje de acordo com os ensinamentos contidos nas obras de Szekely e Ouseley. Diferentemente dos antigos habitantes da Judéia, os fiéis de hoje não habitam monastérios, mas, assim como os que os precederam, estudam com rigor as escrituras sagradas e reservam o shabbath ao descanso e às orações.
Os novos essênios são despojados. Vestem-se de branco, usam barba longa e cabelos que em alguns casos tocam o chão. Pregam uma vida saudável que passa por uma dieta absolutamente vegetariana e por exercícios espirituais. Fazem relaxamentos, meditações e preces. O reverendo Abba Nazariah foi treinado em várias técnicas de Yôga, com especial ênfase no que considera a mais holística e compreensível de todas, a ioga essênia - uma união de dezesseis modalidades da prática indiana. "A saúde depende do amor por todos os seres. Inclusive pelos animais", diz o líder dos essênios americanos.
Segundo a Igreja Essênia de Cristo, depois de dez anos de constante aperfeiçoamento, os féis se tornam aptos a receber a visita de Jesus. Eles também acreditam em reencarnação. Para o psicólogo paulista Fernando Travi, líder da igreja essênia no Brasil, "todas as pessoas iniciadas estão aptas a conhecer suas vidas passadas".
As atividades no Brasil são mais modestas. Elas se resumem a reuniões semanais para discutir a doutrina essênia e formas de melhorar a saúde de acordo com os evangelhos de Ouseley e Szekely. "Os essênios ensinam a nos relacionarmos melhor com a natureza e com o Cosmo", afirma Travi.
Os novos essênios são despojados. Vestem-se de branco, usam barba longa e cabelos que em alguns casos tocam o chão. Pregam uma vida saudável que passa por uma dieta absolutamente vegetariana e por exercícios espirituais. Fazem relaxamentos, meditações e preces. O reverendo Abba Nazariah foi treinado em várias técnicas de Yôga, com especial ênfase no que considera a mais holística e compreensível de todas, a ioga essênia - uma união de dezesseis modalidades da prática indiana. "A saúde depende do amor por todos os seres. Inclusive pelos animais", diz o líder dos essênios americanos.
Segundo a Igreja Essênia de Cristo, depois de dez anos de constante aperfeiçoamento, os féis se tornam aptos a receber a visita de Jesus. Eles também acreditam em reencarnação. Para o psicólogo paulista Fernando Travi, líder da igreja essênia no Brasil, "todas as pessoas iniciadas estão aptas a conhecer suas vidas passadas".
As atividades no Brasil são mais modestas. Elas se resumem a reuniões semanais para discutir a doutrina essênia e formas de melhorar a saúde de acordo com os evangelhos de Ouseley e Szekely. "Os essênios ensinam a nos relacionarmos melhor com a natureza e com o Cosmo", afirma Travi.
Artigo retirado da revista Super Interessante / agosto de 2000
Aquele que se ocupa em tratar dos corpos vê sempre
Abrirem-se as portas das almas.
- Chemins De Ce Temps-Là
Abrirem-se as portas das almas.
- Chemins De Ce Temps-Là
Atitude Interior
Se dedico agora todo um capítulo à atitude do terapeuta, seja ela interior ou exterior, é porque essa atitude vai ter um papel de grande importância na execução do tratamento. É fácil entender que tratamentos voltados para os corpos sutis exigem de quem os dispensa o alinhamento de seus atos, pensamentos e palavras, a fim de que, como sucede com um vaso de cristal, as energias que o atravessam não sejam limitadas e até mesmo obstruídas por escórias que só fariam retardar a passagem da luz.
A qualidade do tratamento dispensado vai depender da nossa qualidade enquanto seres no momento da nossa ação, pois ninguém pode atuar como terapeuta se não tentou trabalhar a si mesmo e purificar-se das próprias escórias.
Isso não significa, de modo algum, que é preciso ser perfeito para poder dispensar esse tipo de tratamento. Seria muita pretensão de minha parte julgar ter resolvido todos os meus "problemas", mas é certo que, de vida em vida, um dos meus objetivos foi sempre o de conseguir que meus diferentes corpos estivessem suficientemente sintonizados entre si para servirem de canal às energias de luz que sempre presidem qualquer tratamento.
Embora antes da época dos essênios eu já tivesse conhecimento dos tratamentos, refiro-me aos de dois mil anos atrás porque os ensinamentos dessa época são de grande precisão e Jesus, um dos meus maiores professores.
Jesus fazia uma grande diferença entre os mágicos e os enamorados do Amor. Os "milagres" realizados por estes e por aqueles pareciam idênticos, mas nos planos sutis a diferença era grande, pois a compreensão da Vida estabelecia-lhes a qualidade. Ele nos dizia, com relação à materialização de objetos, basicamente o seguinte:
"Existem duas maneiras de realizar os fatos a que nos referimos... Para a maioria dos seres, a diferença é nula, pois seus olhos de carne não captam senão os efeitos... Os mágicos projetam os raios de sua alma até o objeto de sua avidez, fazem-no sofrer uma transformação e trazem-no para o lugar onde se encontram... Eu porém dos digo: aquele que cria o faz por amor, aquele que se apropria do já criado opera pelo desejo.
"O desejo vos destruirá se não estiverdes atentos. Ele vos força a tomar sem dar nada em troca. As leis do Sem Nome são inversas às que vós estabelecestes sobre a Terra, meus Irmãos; aquele que colhe sem nada distribuir não pode senão empobrecer-se inexoravelmente... Assim, eu não vos proponho o poder, mas a compreensão. Compreender é amar. "
Se faço menção a essas palavras no capítulo das atitudes é para que se entenda melhor o que pode ser o "desejo" do terapeuta e para que não sejamos mágicos-terapeutas, mas orientadores amorosos.
A qualidade do tratamento dispensado vai depender da nossa qualidade enquanto seres no momento da nossa ação, pois ninguém pode atuar como terapeuta se não tentou trabalhar a si mesmo e purificar-se das próprias escórias.
Isso não significa, de modo algum, que é preciso ser perfeito para poder dispensar esse tipo de tratamento. Seria muita pretensão de minha parte julgar ter resolvido todos os meus "problemas", mas é certo que, de vida em vida, um dos meus objetivos foi sempre o de conseguir que meus diferentes corpos estivessem suficientemente sintonizados entre si para servirem de canal às energias de luz que sempre presidem qualquer tratamento.
Embora antes da época dos essênios eu já tivesse conhecimento dos tratamentos, refiro-me aos de dois mil anos atrás porque os ensinamentos dessa época são de grande precisão e Jesus, um dos meus maiores professores.
Jesus fazia uma grande diferença entre os mágicos e os enamorados do Amor. Os "milagres" realizados por estes e por aqueles pareciam idênticos, mas nos planos sutis a diferença era grande, pois a compreensão da Vida estabelecia-lhes a qualidade. Ele nos dizia, com relação à materialização de objetos, basicamente o seguinte:
"Existem duas maneiras de realizar os fatos a que nos referimos... Para a maioria dos seres, a diferença é nula, pois seus olhos de carne não captam senão os efeitos... Os mágicos projetam os raios de sua alma até o objeto de sua avidez, fazem-no sofrer uma transformação e trazem-no para o lugar onde se encontram... Eu porém dos digo: aquele que cria o faz por amor, aquele que se apropria do já criado opera pelo desejo.
"O desejo vos destruirá se não estiverdes atentos. Ele vos força a tomar sem dar nada em troca. As leis do Sem Nome são inversas às que vós estabelecestes sobre a Terra, meus Irmãos; aquele que colhe sem nada distribuir não pode senão empobrecer-se inexoravelmente... Assim, eu não vos proponho o poder, mas a compreensão. Compreender é amar. "
Se faço menção a essas palavras no capítulo das atitudes é para que se entenda melhor o que pode ser o "desejo" do terapeuta e para que não sejamos mágicos-terapeutas, mas orientadores amorosos.
O Desejo
Freqüentemente, e de forma sutil, infiltra-se em nós o desejo de aplicar um tratamento, e está aí muitas vezes a pedra de tropeço em nosso caminho. Todos nós desejamos que a pessoa que nos procura se cure e, mais ainda, que "nós" possamos curá-la, proporcionar-lhe o alívio que ela veio buscar junto de "nós". Isso parece de uma lógica absolutamente inevitável. Entretanto...
Um ser que sofre não sofre por acaso. Através da provação por que passa, ele aprende e cresce, pois as provações são, freqüentemente, "presentes" que damos a nós mesmos, para irmos mais longe em nós e para além de nós. O sofrimento não é uma fatalidade, e certos mundos não o conhecem mais. Um acidente ou uma doença são sinais para nos fazer entender que uma parte de nós está em desacordo com a outra. São encontros impostos pela nossa vida supraconsciente que se tornarão trampolins assim que os tenhamos compreendido e resolvido. Pode acontecer, é claro, que um grande sofrimento nos faça fechar-nos como um tatu-bola sobre nós mesmos e torne mais lento o nosso caminhar. Conheço perfeitamente isso, por experiência própria, mas sei também que há sempre uma "luz no fim do túnel", mesmo que este pareça terrivelmente escuro no momento em que o atravessamos. Não quero dizer com isso que o terapeuta não possa fazer nada. Pelo contrário, ele pode nos levar a considerar o nó do "problema" que nos coube de uma perspectiva mais elevada; pode igualmente trazer os tijolos e o cimento que vão nos permitir reconstruir-nos; mas ele não poderá jamais construir no nosso lugar, percorrer o nosso caminho, porque isso somente nós podemos fazer.
Para o terapeuta, o desejo de curar freqüentemente está ligado ao fato de querer ser indispensável. Saber que sem nós uma pessoa não pode sair da situação em que se encontra, ou antes que nós podemos tirá-la dessa situação, é uma questão de orgulho. Queremos ser, nesta terra, indispensáveis, úteis, ou seja, valorizados, e se achamos que não temos capacidade para tal, preferimos tornar-nos marginais, no sentido relativo do termo, que para mim significa, neste caso, ser contra a sociedade, porque não encontramos nela o nosso lugar. Eu, particularmente, defendo uma outra forma de marginalidade, principalmente interior, e que nos deixa a possibilidade de dizer "sim" ou "não" por genuína escolha.
Pelo "desejo" nós existimos, mas não "somos". Sejamos nós mesmos no mais profundo do nosso ser, e estejamos bem certos de que ninguém cura ninguém. Essa afirmação pode parecer a você ousada ou fora de lugar, mas vidas e vidas passadas tratando das pessoas permitiram-me compreender isso tudo profundamente. Podemos aliviar, ajudar, trazer elementos que contribuem para a cura, mas a Cura propriamente dita, a Vida e a Morte não dependem de nós.
Certos doentes não querem se curar; desejam-no, é claro, superficialmente, mas a doença apresenta-se a eles como uma proteção e, embora ilusória, parece dar sentido à existência. Outros não vêem como sair do "impasse", que nunca existe de fato, e no mais profundo de si mesmos, muitas vezes inconscientemente, preferem morrer. São muito numerosos também os que partem curados para outros mundos, pois o nó que existia neles dissolveu-se afinal. Não temos dados suficientes para saber o que é bom ou justo neste ou naquele caso e, se desejarmos dar o melhor de nós mesmos a quem pede a nossa ajuda, isso nos levará a uma grande humildade.
A luz que passa através de nós no momento dos tratamentos, a qualidade do amor que vamos poder dar, esse é o nosso "trabalho".
O "desejo" toma muitas vezes a aparência de amor, da mesma forma que se confunde freqüentemente a emoção, que parte do terceiro chakra, com o amor, que parte do quarto; confunde-se também afeição com amor. Evidentemente, pode haver diferentes formas de amor e algumas podem ser coloridas por outros sentimentos, mas o Amor com A maiúsculo não tem família nem fronteiras, nem obrigações nem coloração. Ele E, e freqüentemente quem o pratica nem mesmo sabe que o pratica porque está mergulhado nele; ele é Amor. Isso é exigido de nós como algo fundamental.
Um ser que sofre não sofre por acaso. Através da provação por que passa, ele aprende e cresce, pois as provações são, freqüentemente, "presentes" que damos a nós mesmos, para irmos mais longe em nós e para além de nós. O sofrimento não é uma fatalidade, e certos mundos não o conhecem mais. Um acidente ou uma doença são sinais para nos fazer entender que uma parte de nós está em desacordo com a outra. São encontros impostos pela nossa vida supraconsciente que se tornarão trampolins assim que os tenhamos compreendido e resolvido. Pode acontecer, é claro, que um grande sofrimento nos faça fechar-nos como um tatu-bola sobre nós mesmos e torne mais lento o nosso caminhar. Conheço perfeitamente isso, por experiência própria, mas sei também que há sempre uma "luz no fim do túnel", mesmo que este pareça terrivelmente escuro no momento em que o atravessamos. Não quero dizer com isso que o terapeuta não possa fazer nada. Pelo contrário, ele pode nos levar a considerar o nó do "problema" que nos coube de uma perspectiva mais elevada; pode igualmente trazer os tijolos e o cimento que vão nos permitir reconstruir-nos; mas ele não poderá jamais construir no nosso lugar, percorrer o nosso caminho, porque isso somente nós podemos fazer.
Para o terapeuta, o desejo de curar freqüentemente está ligado ao fato de querer ser indispensável. Saber que sem nós uma pessoa não pode sair da situação em que se encontra, ou antes que nós podemos tirá-la dessa situação, é uma questão de orgulho. Queremos ser, nesta terra, indispensáveis, úteis, ou seja, valorizados, e se achamos que não temos capacidade para tal, preferimos tornar-nos marginais, no sentido relativo do termo, que para mim significa, neste caso, ser contra a sociedade, porque não encontramos nela o nosso lugar. Eu, particularmente, defendo uma outra forma de marginalidade, principalmente interior, e que nos deixa a possibilidade de dizer "sim" ou "não" por genuína escolha.
Pelo "desejo" nós existimos, mas não "somos". Sejamos nós mesmos no mais profundo do nosso ser, e estejamos bem certos de que ninguém cura ninguém. Essa afirmação pode parecer a você ousada ou fora de lugar, mas vidas e vidas passadas tratando das pessoas permitiram-me compreender isso tudo profundamente. Podemos aliviar, ajudar, trazer elementos que contribuem para a cura, mas a Cura propriamente dita, a Vida e a Morte não dependem de nós.
Certos doentes não querem se curar; desejam-no, é claro, superficialmente, mas a doença apresenta-se a eles como uma proteção e, embora ilusória, parece dar sentido à existência. Outros não vêem como sair do "impasse", que nunca existe de fato, e no mais profundo de si mesmos, muitas vezes inconscientemente, preferem morrer. São muito numerosos também os que partem curados para outros mundos, pois o nó que existia neles dissolveu-se afinal. Não temos dados suficientes para saber o que é bom ou justo neste ou naquele caso e, se desejarmos dar o melhor de nós mesmos a quem pede a nossa ajuda, isso nos levará a uma grande humildade.
A luz que passa através de nós no momento dos tratamentos, a qualidade do amor que vamos poder dar, esse é o nosso "trabalho".
O "desejo" toma muitas vezes a aparência de amor, da mesma forma que se confunde freqüentemente a emoção, que parte do terceiro chakra, com o amor, que parte do quarto; confunde-se também afeição com amor. Evidentemente, pode haver diferentes formas de amor e algumas podem ser coloridas por outros sentimentos, mas o Amor com A maiúsculo não tem família nem fronteiras, nem obrigações nem coloração. Ele E, e freqüentemente quem o pratica nem mesmo sabe que o pratica porque está mergulhado nele; ele é Amor. Isso é exigido de nós como algo fundamental.
O Julgamento
Esse amor total não pode admitir julgamento. Neste ponto, também a fronteira é sutil entre julgamento e opinião. Emitir uma opinião, dar um parecer sobre alguma coisa ou sobre alguém é uma atitude neutra e está mais próximo de unia constatação. Emitir um julgamento é implicar-se pessoalmente na opinião, tomar partido segundo a nossa experiência, sem nos colocarmos na pele do outro. A neutralidade é uma qualidade indispensável, mas neutralidade não significará jamais indiferença ou frieza. Nós trabalhamos o amorterapeuta e devemos fazer florescer a confiança e a paz nos seres sofredores que nos procuram.
Numa aldeia dos índios hurons, li esta frase que ficou gravada em minha mente:
"Grande Manitu, não me deixes criticar o meu vizinho por tempo muito prolongado, da mesma forma que eu não usaria seus mocassins durante uma lua inteira. "
Isso nos leva a uma outra qualidade que devemos desenvolver como terapeutas.
Numa aldeia dos índios hurons, li esta frase que ficou gravada em minha mente:
"Grande Manitu, não me deixes criticar o meu vizinho por tempo muito prolongado, da mesma forma que eu não usaria seus mocassins durante uma lua inteira. "
Isso nos leva a uma outra qualidade que devemos desenvolver como terapeutas.
A Compaixão
É a chave indispensável que abrirá todas as portas, mas é também a chave que temos de procurar, pois a perdemos há muito tempo!
Por ocasião da minha aprendizagem, na época essênia, os Irmãos ensinaram-me como respirar no ritmo do ser que sofre. Eu sabia que poderia, dessa forma, pouco a pouco, identificar-me com ele e, sem adquirir o seu mal, vivê-lo interiormente. Essa etapa é indispensável, pois vai permitir captar a fonte do mal, depois desviá-la para o nosso corpo de luz antes de transmutá-la com toda a força do nosso coração e da nossa vontade.
Ter compaixão não significa naufragar com o outro, mas amá-lo suficientemente para saber o que ele sente. E compreender o que ele é sem julgá-lo; é sentir o que ele sente sem a emoção que o invade. Cada um de nós pode encontrar múltiplas definições para a palavra "compaixão". Na verdade pouco importa sua definição, desde que se saiba durante alguns minutos ser Ele, esse outro eu que sofre e nos chama. "Aquece o teu coração, faz brilhar as tuas mãos e não haverá nem dor que possa desenvolver a sua espiral, nem mal que continue a tecer a sua teia...", ensinavam ao pequeno Simon os irmãos do Krmel.
Por ocasião da minha aprendizagem, na época essênia, os Irmãos ensinaram-me como respirar no ritmo do ser que sofre. Eu sabia que poderia, dessa forma, pouco a pouco, identificar-me com ele e, sem adquirir o seu mal, vivê-lo interiormente. Essa etapa é indispensável, pois vai permitir captar a fonte do mal, depois desviá-la para o nosso corpo de luz antes de transmutá-la com toda a força do nosso coração e da nossa vontade.
Ter compaixão não significa naufragar com o outro, mas amá-lo suficientemente para saber o que ele sente. E compreender o que ele é sem julgá-lo; é sentir o que ele sente sem a emoção que o invade. Cada um de nós pode encontrar múltiplas definições para a palavra "compaixão". Na verdade pouco importa sua definição, desde que se saiba durante alguns minutos ser Ele, esse outro eu que sofre e nos chama. "Aquece o teu coração, faz brilhar as tuas mãos e não haverá nem dor que possa desenvolver a sua espiral, nem mal que continue a tecer a sua teia...", ensinavam ao pequeno Simon os irmãos do Krmel.
A Transmutação
"Não se destrói o mal... "
Diante da doença existe uma lei universal que aprendi na época de Jesus e que ponho sempre em prática: não se destrói o mal. É nossa alma que permite a sua existência por causa das suas próprias fraquezas; devemos, então, não aniquilá-lo ou afastá-lo, mas substituí-lo pela luz que, ao tomar o seu lugar, transmutará a sombra.
Essa noção deve estar sempre presente quando praticamos, pois, ao utilizar o tipo de método ensinado aqui, nosso estado de espírito assemelha-se àquele do alquimista que vai transformar o chumbo em ouro. Nosso intuito não é destruir, arrancar, retirar o que quer que seja; operamos no amor e por amor, e é a luz que o compõe que deverá, pouco a pouco, substituir as zonas de sombra que deixamos instalarem-se em nós. Pode acontecer de certos terapeutas, e mesmo certos doentes, odiarem o mal que carregam ou que pensam que devem combater. Trata-se de um erro grosseiro, mesmo que compreensível, humanamente falando. Também neste caso é preciso impregnar-se das leis cósmicas que, invariavelmente, continuam sua trajetória para além de nossa compreensão. Quanto mais enviarmos pensamentos de ódio, de cólera, de rancor a quem nos machuca, tanto mais reforçamos a ação dessa pessoa e enfraquecemos a nossa. Lembrando o itinerário de viagem das formas-pensamento, fica mais fácil compreender como um pensamento de ódio vai atrair para nós outros pensamentos do mesmo tipo e nos embrutecer consideravelmente, obscurecendo por um momento a luz com que poderíamos nos reconstruir interiormente. Além disso, essa forma-pensamento vai alimentar e entreter o mal contra o qual lutamos muitas vezes sem muita habilidade.
Lembro-me da época da guerra do Golfo. Os pensamentos de ódio disparavam na direção de Saddam Hussein e, nessa ocasião, as pessoas com quem costumamos trabalhar nos diziam: "Se vocês envolverem esse ser em ódio, esses pensamentos reforçarão a ação dele no sentido da maldade. Se vocês lhe enviarem pensamentos de paz, a ação dele será por eles enfraquecida, pois não encontrará mais o alimento que a compõe... "
Cabe a nós, portanto, saber o que queremos; e se nem sempre podemos, num primeiro: momento, agradecer à doença pelo caminho que nos obriga a percorrer, evitemos ao menos alimentá-la.
Diante da doença existe uma lei universal que aprendi na época de Jesus e que ponho sempre em prática: não se destrói o mal. É nossa alma que permite a sua existência por causa das suas próprias fraquezas; devemos, então, não aniquilá-lo ou afastá-lo, mas substituí-lo pela luz que, ao tomar o seu lugar, transmutará a sombra.
Essa noção deve estar sempre presente quando praticamos, pois, ao utilizar o tipo de método ensinado aqui, nosso estado de espírito assemelha-se àquele do alquimista que vai transformar o chumbo em ouro. Nosso intuito não é destruir, arrancar, retirar o que quer que seja; operamos no amor e por amor, e é a luz que o compõe que deverá, pouco a pouco, substituir as zonas de sombra que deixamos instalarem-se em nós. Pode acontecer de certos terapeutas, e mesmo certos doentes, odiarem o mal que carregam ou que pensam que devem combater. Trata-se de um erro grosseiro, mesmo que compreensível, humanamente falando. Também neste caso é preciso impregnar-se das leis cósmicas que, invariavelmente, continuam sua trajetória para além de nossa compreensão. Quanto mais enviarmos pensamentos de ódio, de cólera, de rancor a quem nos machuca, tanto mais reforçamos a ação dessa pessoa e enfraquecemos a nossa. Lembrando o itinerário de viagem das formas-pensamento, fica mais fácil compreender como um pensamento de ódio vai atrair para nós outros pensamentos do mesmo tipo e nos embrutecer consideravelmente, obscurecendo por um momento a luz com que poderíamos nos reconstruir interiormente. Além disso, essa forma-pensamento vai alimentar e entreter o mal contra o qual lutamos muitas vezes sem muita habilidade.
Lembro-me da época da guerra do Golfo. Os pensamentos de ódio disparavam na direção de Saddam Hussein e, nessa ocasião, as pessoas com quem costumamos trabalhar nos diziam: "Se vocês envolverem esse ser em ódio, esses pensamentos reforçarão a ação dele no sentido da maldade. Se vocês lhe enviarem pensamentos de paz, a ação dele será por eles enfraquecida, pois não encontrará mais o alimento que a compõe... "
Cabe a nós, portanto, saber o que queremos; e se nem sempre podemos, num primeiro: momento, agradecer à doença pelo caminho que nos obriga a percorrer, evitemos ao menos alimentá-la.
Atitude Exterior
"Boa vontade não basta... " Considero difícil estabelecer uma separação entre atitude interior e atitude exterior. As duas estão estritamente ligadas e se sustentam, mas é necessário abordar o lado mais técnico, ao menos para quem está começando. A técnica não é, na verdade, senão um suporte para alguma coisa que está além de nós e que aos poucos há de instalar-se em nós. Entretanto, vi muito freqüentemente pessoas animadas de enorme boa vontade fazerem qualquer coisa a pretexto de ouvir o coração. Somos feitos de diversos elementos e não devemos negligenciar um deles em proveito de outro. O estado psicológico está a nosso serviço, nossa vontade também está e nós devemos utilizá-los como tais.
"De boas intenções o inferno está cheio" - é um ditado popular de muito bom senso. Aqui também reforço o meu alerta: para tornar-se um bom terapeuta, boa vontade não basta! Mesmo que todo o Amor do mundo esteja latente em você, é preciso ainda fazê-lo florescer e aceitar humildemente a aprendizagem necessária e os conhecimentos dos mundos sutis que impossibilitam virmos a transgredir certas leis sem sofrer ou provocar conseqüências.
Atualmente, os habitantes da Terra, em sua grande maioria, funcionam no nível do terceiro chakra. Isso significa que muitas vezes o nosso modo de amor é humano demais e perpassado de emotividade. Esse amor, por mais válido que seja, não nos vai proporcionar o necessário distanciamento, a ponto de nos isentar de aprender. Da mesma forma que um excelente pianista pode improvisar com sucesso, se quiser, porque antes estudou suas escalas, assim também cada terapeuta poderá ir além das técnicas para proclamar o que sente profundamente, desde que tenha algo a ultrapassar, isto é, desde que tenha, ele também, "estudado suas escalas".
É sempre muito curioso ouvir pessoas que pensam que podem fazer qualquer coisa a pretexto de alcançar planos mais sutis do que aqueles nos quais costumamos "trabalhar". Buscar o "sutil" não significa caminhar ao acaso, ou agir conforme o humor ou a disposição do momento. Temos em nós todas as capacidades e podemos despertá-las, mas o "abandonar-se" é algo que se aprende, a "neutralidade" também, assim como a "compaixão". Certamente não aprendemos a desenvolver isso tudo da mesma forma que aprendemos matemática ou história. As lições são sempre muito práticas e a vida se encarrega de colocá-las no nosso caminho até que tenhamos compreendido o que tínhamos para aprender... Mas trata-se sempre de um aprendizado e não podemos deixar de considerá-lo; da mesma forma que, para aprender a ler e a escrever, precisaremos de um pouco de tempo e de perseverança, mesmo fazendo dessa atividade algo agradável, o que é o ideal.
Depois desse alerta, passo a lhe propor alguns "pontos de referência" no tocante à posição a assumir por ocasião dos tratamentos.
Particularmente, prefiro, hoje em dia, realizar o tratamento usando um colchonete colocado diretamente sobre o chão; mas algumas pessoas, terapeutas ou pacientes, podem ter dificuldade para se movimentar nessa posição. Nesse caso, uma mesa de tratamento dará conta plenamente da tarefa.
O paciente deverá estar em trajes íntimos, ou pelo menos vestindo roupas de algodão para evitar interferências, e não deve cruzar pernas ou braços a fim de não cortar os circuitos de energia. Deve também, pelas mesmas razões, tirar relógio e jóias. Não há nisso nada de excepcional ou esotérico; é fácil compreender que o cruzamento das pernas pode dificultar a circulação do sangue, acontecendo o mesmo com relação às energias nos planos mais sutis.
Quem administra o tratamento deve estar de pé junto do paciente, se este estiver deitado em um leito ' ou mesa de tratamento, e sentado na posição de lótus ou de joelhos, se o paciente estiver deitado sobre um colchonete apoiado diretamente no chão. A coluna vertebral do terapeuta deverá estar o mais reta possível para que as energias com que trabalha circulem mais facilmente.
Depois de ter-se deixado envolver pela calma e pela neutralidade, o terapeuta, pode e deve dirigir-se ao paciente para que este se sinta confiante e invadido por uma benfazeja serenidade. A beleza e a simplicidade do lugar poderão sem dúvida contribuir para que se instale esse oportuno bem-estar. A partir desse instante preciso, tem início a verdadeira preparação para os tratamentos, de que falarei detalhadamente a seguir.
"De boas intenções o inferno está cheio" - é um ditado popular de muito bom senso. Aqui também reforço o meu alerta: para tornar-se um bom terapeuta, boa vontade não basta! Mesmo que todo o Amor do mundo esteja latente em você, é preciso ainda fazê-lo florescer e aceitar humildemente a aprendizagem necessária e os conhecimentos dos mundos sutis que impossibilitam virmos a transgredir certas leis sem sofrer ou provocar conseqüências.
Atualmente, os habitantes da Terra, em sua grande maioria, funcionam no nível do terceiro chakra. Isso significa que muitas vezes o nosso modo de amor é humano demais e perpassado de emotividade. Esse amor, por mais válido que seja, não nos vai proporcionar o necessário distanciamento, a ponto de nos isentar de aprender. Da mesma forma que um excelente pianista pode improvisar com sucesso, se quiser, porque antes estudou suas escalas, assim também cada terapeuta poderá ir além das técnicas para proclamar o que sente profundamente, desde que tenha algo a ultrapassar, isto é, desde que tenha, ele também, "estudado suas escalas".
É sempre muito curioso ouvir pessoas que pensam que podem fazer qualquer coisa a pretexto de alcançar planos mais sutis do que aqueles nos quais costumamos "trabalhar". Buscar o "sutil" não significa caminhar ao acaso, ou agir conforme o humor ou a disposição do momento. Temos em nós todas as capacidades e podemos despertá-las, mas o "abandonar-se" é algo que se aprende, a "neutralidade" também, assim como a "compaixão". Certamente não aprendemos a desenvolver isso tudo da mesma forma que aprendemos matemática ou história. As lições são sempre muito práticas e a vida se encarrega de colocá-las no nosso caminho até que tenhamos compreendido o que tínhamos para aprender... Mas trata-se sempre de um aprendizado e não podemos deixar de considerá-lo; da mesma forma que, para aprender a ler e a escrever, precisaremos de um pouco de tempo e de perseverança, mesmo fazendo dessa atividade algo agradável, o que é o ideal.
Depois desse alerta, passo a lhe propor alguns "pontos de referência" no tocante à posição a assumir por ocasião dos tratamentos.
Particularmente, prefiro, hoje em dia, realizar o tratamento usando um colchonete colocado diretamente sobre o chão; mas algumas pessoas, terapeutas ou pacientes, podem ter dificuldade para se movimentar nessa posição. Nesse caso, uma mesa de tratamento dará conta plenamente da tarefa.
O paciente deverá estar em trajes íntimos, ou pelo menos vestindo roupas de algodão para evitar interferências, e não deve cruzar pernas ou braços a fim de não cortar os circuitos de energia. Deve também, pelas mesmas razões, tirar relógio e jóias. Não há nisso nada de excepcional ou esotérico; é fácil compreender que o cruzamento das pernas pode dificultar a circulação do sangue, acontecendo o mesmo com relação às energias nos planos mais sutis.
Quem administra o tratamento deve estar de pé junto do paciente, se este estiver deitado em um leito ' ou mesa de tratamento, e sentado na posição de lótus ou de joelhos, se o paciente estiver deitado sobre um colchonete apoiado diretamente no chão. A coluna vertebral do terapeuta deverá estar o mais reta possível para que as energias com que trabalha circulem mais facilmente.
Depois de ter-se deixado envolver pela calma e pela neutralidade, o terapeuta, pode e deve dirigir-se ao paciente para que este se sinta confiante e invadido por uma benfazeja serenidade. A beleza e a simplicidade do lugar poderão sem dúvida contribuir para que se instale esse oportuno bem-estar. A partir desse instante preciso, tem início a verdadeira preparação para os tratamentos, de que falarei detalhadamente a seguir.
Artigo retirado do Livros dos Essênios
Os Essênios http://www.humaniversidade.com.br/essenios.htm